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Polinização

Patrícia Dijigow

7 de abr. de 2025

Um dos eventos mais fascinantes do ciclo de vida de muitas plantas é a polinização

Nas plantas com flores (angiospermas), a transferência do pólen para o óvulo das flores é popularmente associada a animais polinizadores, como abelhas, borboletas, mariposas, besouros, aves e morcegos.


A polinização por morcegos é chamada quiropterofilia
A polinização por morcegos é chamada quiropterofilia

Na polinização não há encontro direto entre o pólen e o óvulo: as flores possuem uma estrutura receptiva no pistilo (o estigma), onde o grão de pólen se fixa e inicia o desenvolvimento do tubo polínico até se conectar ao óvulo.

 

Mas evolutivamente, quando há cerca de 400 milhões de anos emergiram nessa história as primeiras plantas com grãos de pólen, a Terra não era habitada por insetos coletores que pudessem realizar essa função. Entre as chamadas gimnospermas (grupo de plantas que abrange os pinheiros, cicas, ciprestes e araucárias por exemplo), a polinização é até hoje para a grande maioria delas, feita pelo vento.


As coníferas são um exemplo de anemofilia
As coníferas são um exemplo de anemofilia

As primeiras flores (que surgiram há cerca de 140-135 milhões de anos) eram polinizadas por besouros, em relação bem estabelecida muito antes do surgimento das abelhas. E estima-se que as primeiras borboletas surgiram entre 120 e 100 milhões de anos. A coevolução de plantas e insetos (e posteriormente com aves e mamíferos) permitiu ao longo desses milhões de anos, a diversificação de formas, tamanhos, cores, aromas e texturas das flores - e consequentemente, das estratégias que reforçassem essa relação tão íntima entre espécies de reinos diferentes.


Novas estruturas como nectários, ornamentações, pétalas comestíveis e mais substâncias aromáticas apareceram na evolução das plantas com flores, trazendo recursos benéficos aos animais visitantes e assegurando que o pólen seja carregado de uma flor para outra da mesma espécie.


Estudar e conhecer as diversas formas de polinização é uma forma de compreender a evolução das plantas e de suas relações estabelecidas com os animais. A transferência do pólen pode se dar por fatores bióticos (com a participação de seres vivos, como as abelhas) ou abióticos (através de fatores ambientais, como o vento).



Confira abaixo os tipos gerais de polinização e seus respectivos agentes:


  • Anemofilia: vento

  • Entomofilia: insetos (termo geral que abrange todos os insetos)

  • Cantarofilia: besouros

  • Falenofilia: mariposas

  • Ornitofilia: aves

  • Hepertofilia: anfíbios e répteis

  • Melitofilia: abelhas, abelhas sem ferrão e vespas

  • Hidrofilia: água

  • Quiropterofilia: morcegos



Há ainda, um tipo a mais de polinização, que é a artificial (realizada através do ser humano). Espécies cultivadas de grande valor econômico como o cacaueiro, o maracujazeiro e a orquídea Vanilla planifolia (de onde é obtida a baunilha) são alguns exemplos da ação manual para aumentar a produtividade, inclusive diante da escassez dos polinizadores naturais (reflexo dos grandes impactos gerados pelo uso de agrotóxicos e devastação de habitats, entre outros fatores).



Nas fotos acima (da esquerda para a direita) as flores do cacaueiro, maracujazeiro e da orquídea Vanilla planifolia


Além de ser um processo fundamental para a reprodução das plantas e para a produção de alimentos, a polinização é extremamente importante para a manutenção da biodiversidade. 



Referências:


Biologia da Polinização. Janeiro 2014. Andre Rodrigo Rech


Plantas, polinizadores e algumas articulações da biologia da polinização com a teoria ecológica

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