Dia nacional da Botânica
Atualizado: 15 de jun. de 2022
Em 17 de abril é comemorado o Dia nacional da Botânica, data instituída pelo Decreto de Lei nº 1.147, de 24 de maio de 1994, em homenagem às comemorações dos 200 anos do nascimento do naturalista alemão Carl Friedrich Philipp von Martius.
Martius (1794-1868), um dos naturalistas mais famosos do século XIX, chegou ao Brasil em 1817 na comitiva da Imperatriz Leopoldina, esposa de Dom Pedro I, e após três anos de expedições pelo Brasil coletou milhares de espécies da flora brasileira, as quais posteriormente foram catalogadas e descritas na obra Flora brasiliensis - a maior referência para a botânica brasileira - produzida na Alemanha entre 1840 e 1906, pelos editores Carl Friedrich Philipp von Martius, August Wilhelm Eichler e Ignatz Urban, com a participação de 65 especialistas de vários países.

Porém, a história da Ciência que estuda as plantas é muito mais antiga e repleta de narrações, investigações e obras que abordam descrições, classificações e relações do reino vegetal em diferentes períodos históricos.
A história da Botânica
Os primeiros estudos e observações sobre o reino vegetal foram iniciados por comunidades ancestrais da era Paleolítica (a Idade da Pedra Lascada), que na ocasião eram nômades e por este motivo denominados caçadores-recoletores. Nessa época já havia um conhecimento sobre plantas nutritivas e um repertório de propriedades de plantas terapêuticas às quais se recorria para combater problemas de saúde.
Durante a revolução neolítica (entre 10.000 e 2.500 anos atrás, dependendo da região) a descoberta e o desenvolvimento da agricultura permitiu que essas comunidades se fixassem em locais, ampliando as chances de observações de ciclos e fenômenos naturais importantes para o cultivo de plantas utilizadas como alimento, assim como aumentando o repertório de conhecimento sobre plantas tóxicas e terapêuticas. A descoberta e o domínio do fogo também permitiram que novos usos das plantas fossem aplicados em celebrações e rituais de caráter fúnebre ou religioso. Todas essas tradições eram transmitidas oralmente de geração em geração.
Os primeiros registros botânicos vieram com as primeiras escritas adotadas como meio de comunicação humana. Algumas plantas também foram representadas através de pinturas rupestres por diferentes comunidades, porém de difícil identificação. Contagens em escrita cuneiforme trazem referências a colheitas e plantios.
As primeiras ilustrações conhecidas de plantas datam do neolítico (por volta de 3.000 a.C.) junto com descrições de jardins construídos pela civilização egípcia. Registros proto-botânicos não relacionados aos alimentos vegetais são conhecidos de literaturas medicinais de diversos povos do Egito, China, Mesopotâmia e Índia. A civilização egípcia dominava técnicas para cultivar de plantas e fabricar perfumes, cosméticos, medicamentos e um precursor do papel, feito com o papiro (Cyperus papyrus). Diversos registros arqueológicos retratam sua relação com a natureza e o empenho para ter plantas ornamentais em jardins, inclusive espécies aquáticas.

Afresco do túmulo de Nebamun - Tebas, Egito - 1.400 a.C. (Fonte: Museu Britânico)
Junto com outras ciências, a Botânica teve seus primeiros princípios esboçados na Grécia Antiga, sendo posteriormente desenvolvida durante o Império Romano. Neste período, destacaram-se Aristóteles, Teofrasto, Plínio, o Velho e Dioscórides.
A classificação de seres vivos proposta por Aristóteles se aprofundou também em dividir as plantas em "plantas com flor" e "plantas sem flor", sendo que o último agrupava samambaias, musgos, hepáticas, fungos e algas conhecidas.
Empédocles (490 a.C. - 430 a.C.) trouxe em sua época pensamentos filosóficos sobre o crescimento das plantas em direção à luz, despertando um interesse no processo. Foi ele quem traçou os primeiros esboços sobre a mutabilidade das espécies, que muito tempo depois encontraria abordagens científicas na teoria evolutiva de Charles Darwin.
Considerado o pai da Medicina, Hipócrates (460 a.C. - 370 a.C.) defendeu o uso das plantas terapêuticas para manutenção da saúde e bem estar do ser humano, distanciando suas abordagens, observações e testes das crenças e superstições tão comuns em sua época. Cerca de 600 anos depois, Galeno veio a consolidar o conhecimento médico herdado dos gregos e também reformulou preparados que eram populares na época e utilizados como antídotos, conhecidos pelo nome de teriaga, que podiam ter dezenas de plantas em sua composição.
A curiosidade e necessidade de se conhecer melhor o reino vegetal levou à diversas catalogações que iam muito além da descrição dos usos medicinais, incluindo tópicos sobre fitogeografia, anatomia, fisiologia, nutrição, crescimento e reprodução das plantas.
Teofrasto (371 a.C. – 287 a.C.) foi discípulo de Aristóteles que se destacou entre os estudiosos das plantas e passou a ser considerado o pai da Botânica. Suas obras De Historia Plantarum (História das plantas) e De causis plantarum (Sobre as causas das plantas) foram baseadas em palestras ministradas no Liceu de Atenas, onde sucedeu Aristóteles como líder. Grande parte do conhecimento e catálogo de plantas conhecidas se deve a Alexandre o Grande, que em suas conquistas militares coletava diversos espécimes para a coleção do jardim do Liceu. Alexandre o Grande foi orientado por Aristóteles até seus 16 anos.
