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A história da abóbora


Por muitos nomes a abóbora é conhecida (jerimum, moranga, gila e mogango) e também por diversos usos que a tornam um alimento muito versátil em saladas, cozidos, refogados, sopas, purê, pães, bolos, pudins e doces. As aboboreiras pertencem ao gênero Cucurbita (o mesmo da abobrinha) e à mesma família da melancia, do pepino, melão e chuchu: a família Cucurbitaceae.



As abóboras são originárias das Américas e muitas variedades já eram cultivadas pelas populações nativas (indígenas brasileiros e mesoamericanos) muito antes da colonização por portugueses e espanhóis, que posteriormente levaram sementes e disseminaram o cultivo pela Europa. No Brasil, o intercâmbio de sementes e variedades de abóboras se intensificou com a chegada de imigrantes alemães e italianos.


Existem 18 espécies englobadas pelo gênero Cucurbita e uma grande variedade de cultivares, com características típicas de cor, forma, textura, polpa e valor nutricional. As espécies que foram domesticadas são Cucurbita argyrosperma (abóbora ornamental ou de semente prateada), C. ficifolia (gila), C. maxima (abóbora menina ou abóbora-gigante), C. moschata (abóbora cheirosa) e C. pepo (curgete ou abrobrinha).



A aboboreira possui flores de cor amarela ou alaranjada, sendo que na mesma planta as flores apresentam sexos separados: a flor masculina produz pólen e a feminina, após polinizada origina o fruto.



Como a abóbora se tornou um dos símbolos mais emblemáticos do Halloween


Para os povos celtas, que habitavam principalmente regiões do oeste europeu entre 1.200 AEC e 500 EC, a contagem do tempo é representada pela Roda do Ano, com 8 datas cíclicas importantes conhecidas como sabbats. Existem 4 sabbats principais: Imbolc, Beltane, Lammas e Samhain, que celebram suas divindades, colheitas, união e conexão com o mundo espiritual/mágico, e 4 sabbats (Ostara, Litha, Mabon e Yule) que são diretamente associados ao início das estações do ano (solstícios e equinócios).


A celebração que comemora o início de uma nova Roda do Ano no hemisfério norte é o Festival de Samhain, originário de eras pré-cristãs, no Reino Unido. Samhain significa "o fim do verão, ou "sem luz", simbolicamente associada aos ciclos de morte e renascimento.



Os ciclos de regeneração da terra sempre foram uma grande oportunidade para reflexão sobre a existência e mortalidade humana também e essa simbologia entre vida e morte, repleta de conotações mágicas ou espirituais se tornou um cenário propício para homenagear e honrar antepassados e entes mortos: um banquete era promovido, no qual as pessoas podiam convidar os mortos (com lugares vazios reservados) numa noite de profunda conexão com os ciclos e esses dois mundos.


A celebração possui uma grande conotação espiritual/mágica, pois segundo a tradição celta, a separação entre o mundo dos vivos e o do mundo dos mortos se estreitava. Neste festival, batatas e nabos eram esculpidos e iluminados com velas, para apaziguar os mortos - que podiam visitar o mundo dos vivos nesta ocasião.


Ao longo de muitos séculos, diversas tentativas de reduzir as influências das culturas pagãs pela Europa foram praticadas pela instituição religiosa, principalmente durante a Idade Média. Entre essas tentativas, a Igreja Católica instituiu o Dia de Finados em 02 de novembro e alterou a data do Dia de Todos os Santos para 1º de novembro. Já a véspera do Dia de Todos os Santos (31 de outubro), era chamada de "All Hallows Even", que acabou originando o "Halloween", que também passou a ser conhecido como "Dia das bruxas".


A chegada dos imigrantes irlandeses na América do Norte trouxe as tradições derivadas da cultura celta e o folclore de Stingy Jack (também chamado de Jack o’lantern). Segundo a história, Stingy Jack era um homem muito mesquinho, que em certa ocasião convidou o diabo para um drinque - e mantendo sua fama de mesquinho, para não pagar a conta, convenceu o diabo a se transformar numa moeda. No entanto, ao invés de pagar pela bebida, ele guardou a moeda junto com um crucifixo, que impedia o diabo de se transformar novamente. Para libertar o diabo, Jack fez um acordo para preservar a sua alma. Porém, quando Jack faleceu, não foi aceito em nenhum domínio, e sua alma ficou vagando, apenas com um carvão em brasa para iluminar seu caminho. Com o intuito de assombrar a terra, ele esculpiu um nabo em formato de lanterna e colocou o carvão dentro.


A lanterna originalmente de nabo ou batata, esculpida com caretas para assustar os maus espíritos. Porém, na América do Norte, as abóboras eram bem mais abundantes que os nabos, e os imigrantes irlandeses a adotaram como lanterna e seu uso se disseminou por todos os cantos do planeta com o passar dos anos.



E assim, a abóbora, originária das Américas, se transformou em um dos símbolos mais emblemáticos do Halloween, celebração derivada de festivais de origem celta. A aboboreira é uma planta que mudou o rumo da história e que mantém viva a tradição do Samhain entre diversas culturas que celebram os ciclos da natureza, de vida e morte.



Os concursos com abóboras


A popularização das abóboras no Halloween, também permitiu a criação de concursos de lanternas esculpidas, que elegem a mais criativa ou a mais apavorante. Cultivadoras e cultivadores de abóboras também disputam anualmente quem consegue produzir a abóbora mais pesada. A 50º edição do Concurso Mundial de Pesagem de Abóboras, realizada em outubro de 2023 na Califórnia, teve um novo recordista mundial, com uma abóbora gigante que pesa 1.248 Kg.