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A história da primavera

Atualizado: 6 de out.




Sempre associada ao ressurgimento da vida e ao brotamento e florescimento das plantas, a primavera é a estação que marca o início de um novo ciclo de vida na natureza: o ano-novo do mundo natural.


Uma característica das plantas é a sazonalidade, ou seja, elas têm seu crescimento e metabolismo influenciados por estímulos do ambiente, como por exemplo a temperatura, disponibilidade de nutrientes no solo, período de exposição à luz solar (fotoperíodo), umidade e períodos de chuva ou seca.


Desta forma, cada planta apresenta uma resposta específica às mudanças de estações e para muitas espécies vegetais, é justamente a primavera que propicia as melhores condições para o crescimento e floração - coincidindo também com os períodos de maior atividade de animais que atuam como agentes polinizadores, principalmente insetos como abelhas e borboletas.


O desenvolvimento de uma flor exige um grande empenho metabólico por parte da planta, e como as flores são os órgãos de reprodução, o florescimento acontece perante as melhores condições do ambiente que propiciem a perpetuação da espécie. Todas as formas de vida são sincronizadas com os ciclos da natureza e as plantas são extremamente eficientes em distinguir mudanças sutis no ambiente e reagir a elas.


Para um grande número de plantas, a diferença de luminosidade entre dia e noite influencia a produção de hormônios vegetais, responsáveis pelo crescimento, floração, amadurecimento de frutos e senescência, por exemplo. Por este motivo, algumas plantas florescem em meses mais frios e muitas quando o inverno começa a dar lugar para a primavera. Existem ainda espécies que não dependem do fotoperíodo e florescem de modo independente às mudanças na quantidade de horas do dia iluminado e da noite.



O fotoperíodo é definido como a duração do dia iluminado em relação à noite em um período de 24 horas, sendo um fator que exerce influência sobre a floração de muitas plantas. A resposta biológica das plantas ao fotoperíodo recebe o nome de fotoperiodismo e as plantas que apresentam essa reação são chamadas de fotoperiódicas.


O fotoperiodismo é regulado pela presença e ação do fitocromo, que é um pigmento fotorreceptor, que consegue detectar as transições entre luz e escuro, responsável pelo controle da floração de diversas espécies vegetais, assim como a germinação e o crescimento das plântulas.


O fitocromo tem a capacidade de se converter de modo reversível em duas formas (que recebem os nomes de Pfr e Pr) e que absorvem a luz vermelha em comprimentos de onda diferentes. A transformação do fitocromo Pfr em fitocromo Pr acontece durante o período escuro. Em algumas plantas (chamadas "plantas de dia curto"), o fitocromo Pfr atua como inibidor da floração e se as noites são mais longas que o período de dia iluminado, o fitocromo Pfr é convertido em Pr, fazendo com que a planta floresça.


Por outro lado, nas plantas denominadas de "dia longo", o fitocromo Pfr induz a floração, e a planta floresce quando o período de escuridão é mais curto. Muitos pesquisadores preferem utilizar os termos "plantas de noite longa" e "plantas de noite curta", uma vez que o fator determinante está relacionado às horas contínuas de escuridão.



Primavera significa "primeiro verão", palavra derivada do latim "primo vere". Há muito tempo atrás, o ano era dividido em dois grandes períodos: um de clima mais quente, celebrado pelo florescimento e outro de clima mais frio, celebrado pela colheita.


Foi somente a partir do século XVII, que o ano passou a ser dividido nas quatro estações que hoje conhecemos: a primavera (princípio da boa estação), o verão (tempo da frutificação), o outono (tempo de ocaso) e o inverno (tempo de hibernar).


Essa divisão é muito mas relacionada ao hemisfério norte, onde as estações são muito marcantes, ao contrário do hemisfério sul que apresenta com mais evidência, a presença de dois períodos: o de seca e o de chuvas. Essa diferença entre as estações nos hemisférios está relacionada com a maior presença das áreas continentais no hemisfério norte e maior presença de áreas oceânicas no hemisfério sul.


Muito antes da existência de ciências que trouxessem explicações baseadas em comprovações, como as que hoje conhecemos, a natureza e seus ciclos sazonais, já inspiravam e instigavam a humanidade a compreender e marcar o tempo, em tentativas para prever o ciclo seguinte. Dividir o tempo e contar as repetições de períodos de chuva, de seca, de calor ou de frio, por exemplo, eram de extrema importância para a sobrevivência, permitindo plantio, cultivo, colheita e estocagem de alimentos.


Olhar para o céu e se guiar pelo movimento aparente do Sol foi o princípio da criação dos primeiros sistemas de contagem do tempo, originando os primeiros relógios de Sol, que são os mais antigos instrumentos conhecidos para marcar a passagem do tempo ao longo do dia. Sua criação foi possível através da observação do ciclo do Sol e da variação da sombra dos objetos.



Os primeiros relógios de Sol conhecidos são monumentos de grande proporção construídos com grandes blocos de pedra bruta, por civilizações da Babilônia e do Antigo Egito.


Os monumentos megalíticos marcavam posições do movimento aparente do Sol, em dias específicos, indicando por exemplo o último dia do inverno, em marcações bem precisas das mudanças de estações (solstícios e equinócios). Alguns monumentos como Stonehenge (Inglaterra) e o Cromeleque dos Almendres (Portugal) marcavam também as fases Lua e eram usados não somente como grandes observatórios como também tinham grande importância para festividades de cada cultura.