Nathaniel Bagshaw Ward (1791 – 1868) foi um médico e cirurgião inglês que também era apaixonado por Botânica e Zoologia, responsável pela invenção um modelo fechado de caixa de vidro que é considerado precursor dos terrários modernos.
Dr. Ward, como era conhecido, cultivava samambaias em seu jardim londrino em Wellclose Square, porém notava que suas plantas não prosperavam em função da poluição do ar, carregado de fumaça de carvão e ácido sulfúrico.
O médico também mantinha casulos de mariposas e borboletas em frascos de vidro selados, quando acidentalmente descobriu que um esporo de samambaia e uma espécie de grama haviam germinado e estavam se desenvolvendo dentro do recipiente. Por quatro anos ele acompanhou o desenvolvimento dessas plantas até o florescimento da grama, porém a ferrugem do selo que fechava o frasco acabou comprometendo a qualidade do ar e as plantas morreram.
Vendo no experimento um grande potencial para crescimento e cultivo de plantas, ele encomendou de um carpinteiro uma nova caixa de madeira esmaltada e repetiu o teste com samambaias que desta vez prosperaram. Concluindo que em condições de luz e umidade, algumas plantas poderiam viver por anos em um ambiente hermeticamente fechado, publicou seu experimento e posteriormente o livro "On the Growth of Plants in Closely Glazed Cases".
Sua descoberta despertou aplicação nas pesquisas botânicas, principalmente por permitirem uma forma de transportar plantas em longas viagens de navio, na época que as expedições eram muito comuns e coletores de plantas e estudiosos da natureza exploravam o chamado Novo Mundo em busca de novas espécies de plantas. Entretanto, a maioria das amostras coletadas nos trópicos morriam durante a viagem, por falta de rega com água doce, doenças adquiridas na viagem, fungos, falta de luz e não adaptação ao novo clima.
A invenção do Dr. Warden permitiu a sobrevivência das plantas descobertas não apenas durante seu transporte de navio, como também nos diferentes climas da Europa. Estes primeiros recipientes, precursores do terrário moderno, ficaram conhecidos como Caixas Wardianas.
Inventadas por volta de 1830, tornaram-se uma febre entre a nobreza, consistiam de caixas, geralmente fechadas, que recriavam um ecossistema em miniatura. As paredes e teto de vidro permitiam que a água retornasse ao solo e fosse absorvida pelas raízes das plantas, em um ciclo sincronizado com a fotossíntese e transpiração das plantas.
O botânico William Jackson Hooker foi correspondente do Dr. Wald e futuramente diretor do Royal Botanic Gardens, Kew e seu filho Joseph Dalton Hooker foi um dos primeiros exploradores a utilizar as caixas Wardianas, ao transportar plantas vivas da Nova Zelândia para a Inglaterra em 1841, durante a viagem pioneira do HMS Erebus que circunavegou a Antártica.
As caixas também permitiram que Robert Fortune embarcasse para a Índia britânica com 20.000 plantas de chá (Camelia sinensis) oriundas de Xangai, China, para iniciar as plantações em Assam em 1849.
Em 1860, Clements Markham usou caixas Wardianas para contrabandear a planta Cinchona (de onde é extraída a quinina) para fora da América do Sul.
Na década de 1870, após a germinação de sementes de Hevea nas estufas aquecidas de Kew, as mudas da seringueira do Brasil foram enviadas para o Ceilão (Sri Lanka) e para os novos territórios britânicos na Malásia para iniciar as plantações de borracha.
O Jardim Botânico Real de Kew utilizou as caixas Wardianas para enviar plantas para o exterior até 1962.
Além de disseminar o cultivo de plantas exóticas em diversas partes do mundo, as caixas Wardianas romperam com monopólios geográficos na produção de importantes produtos agrícolas no mundo.
Por: Patrícia Dijigow
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