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Anna Atkins: uma mulher à frente do seu tempo

Atualizado: 12 de jul. de 2023



Anna Atkins (1799 – 1871) foi uma botânica e fotógrafa inglesa, criadora do primeiro livro ilustrado com fotografias da história: um guia botânico com imagens de algas, todas por ela coletadas e registradas através de uma técnica chamada cianotipia.


Filha do químico, mineralogista e zoólogo John George Children e próxima de famílias com tradição na Astronomia (John Frederick William Herschel) e na fotografia alternativa (William Henry Fox Talbot) , Anna foi incentivada desde criança em suas investigações e interesses por plantas, animais e experiências.


A maioria das meninas neste período (Anna nasceu pouco antes do início da Era Vitoriana) era criada e educada visando exclusivamente o casamento e a criação de filhos.


Anna, ao contrário, cresceu rodeada por um universo científico e investigativo, recebendo uma educação incomum para seu tempo, sempre apoiada e aconselhada por seu pai a ilustrar suas pesquisas científicas com muitos desenhos e detalhes.


Suas gravuras de conchas foram utilizadas para ilustrar a tradução de seu pai para a obra de Lamarck, "Genera of Shells".



Foi com Talbot que Anna aprendeu técnicas novas relacionadas à fotografia, aprimorando seu conhecimento. Ao ser apresentada ao processo de cianotipia descoberto por Herschel, aprendeu o método e passou a aplicá-lo na criação de registros das algas que coletava e catalogava, em substituição às tradicionais gravuras.



A cianotipia é uma técnica de impressão fotográfica que utiliza materiais sensíveis à luz, que são aplicados em papel, sobreposto pelo objeto a ser registrado. Ao se expor o conjunto à luz, a forma do objeto permanece da cor do papel, enquanto todo o seu contorno é sensibilizado, tornando-se azul. A tonalidade da cor azul depende do tempo de exposição e da intensidade luminosa.


Em 1839, Anna Atkins tornou-se membro da Botanical Society em Londres, uma das raras sociedades científicas abertas às mulheres.


Por uma década, ela coletou exemplares de algas e as registrou com a nova técnica fotográfica. Seu trabalho inédito resultou na publicação da obra Photographs of British Algae: Cyanotype Impressions, lançada em 1843, totalmente escrito à mão e contendo 307 registros de algas. A apresentação oficial da técnica de cianotipia de Herschel à Academia de Ciências Inglesa aconteceu um ano antes.



Durante os anos seguintes, Anna trabalhou com a técnica para auxiliar colegas de estudo, como a botânica Anne Dixon (1799-1864), publicando mais dois livros com cianotipos: "Cyanotypes of British and Foreign Ferns" (1853) e "Cyanotypes of British and Foreign Flowering Plants and Ferns" (1854).


Ao longo de seu trabalho, Anna Atkins produziu cerca de dez mil fotogramas com a técnica, controlando intuitivamente cada tempo de exposição à luz, baseada em sua própria experiência.


Apesar de toda a inovação e pioneirismo, foi necessário mais de um século para que a contribuição de Anna para a Arte e para a Botânica fosse resgatada e reconhecida.


Existem apenas 13 cópias conhecidas de seu livro, em diferentes estados de conclusão. Você pode conhecer o belíssimo e minucioso trabalho de Anna Atkins no vídeo abaixo, disponibilizado pela Linnean Society:



Anna Atkins viveu em uma época onde a ciência e a arte eram majoritariamente masculinas. É impossível estimar quantas mulheres pesquisadoras, cientistas e inovadoras foram ofuscadas e/ou apagadas da história, proibidas de frequentar sociedades científicas e que não puderam assinar suas obras mas tiveram suas pesquisas publicadas e creditadas a homens.


Lançado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o Dia internacional das mulheres e meninas na Ciência, comemorado em 11 de fevereiro, promove a visibilidade às inúmeras contribuições das mulheres nas áreas de pesquisa científica e tecnológica e fortalece o compromisso universal com a igualdade de direitos.



Por: Patrícia Dijigow


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