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A história da hena



A hena - ou em inglês henna - (Lawsonia inermis) é uma planta arbustiva nativa do nordeste da África tropical, Península Árabe, sul do Paquistão e Índia. É muito popular no Oriente Médio, Chipre, Ásia e norte da África, utilizada como corante para tonalizar o cabelo e pintar o corpo há milhares de anos.


A cultura da hena surgiu simultaneamente em povos de diversas regiões desérticas e semi-áridas da África, Oriente Médio e Paquistão, que desenvolveram o hábito de pintar o corpo com a planta. Acredita-se que suas propriedades foram descobertas durante sua colheita, onde além de manchar as mãos, a hena conferia uma maior resistência, através do contato com substância que induz a produção de queratina e por sua ação de resfriar o corpo. A pintura com hena teria sido adotada inicialmente por estes povos, como uma forma de proteção às partes do corpo expostas ao sol e também para tratar eventuais machucados relacionados a colheitas ou manuseio de plantas.


Conhecida pelos egípcios, era utilizada no processo de embalsamento do corpo de faraós, misturada a resinas como a mirra. Cabelos, as pontas dos dedos e as unhas também eram pintados com a hena. Seu uso de faz presente nas tradições árabes, na cultura islâmica e indiana - esta última relata as propriedades da planta em sua medicina tradicional ayurvédica.


A palavra hena também é utilizada para designar o pigmento natural extraído da planta. As pinturas Mehndi expressam a arte de tingir ou tonalizar temporariamente a pele com o sumo de plantas. Os símbolos originalmente representavam e reverenciavam o Sol, a origem de tudo ou a abundância e beleza. Outros povos desenvolveram desenhos florais e arabescos, muitas vezes com simbologias e significados associados.



Tradicionalmente na Índia, a hena é uma substância preparada fresca, com auxílio de moedor de pedra, preservando suas propriedades terapêuticas. As diferentes tonalidades conhecidas são tradicionalmente obtidas através da mistura com outras partes de plantas, como cascas e raízes ou adição de índigo.


Como produto comercializado em escala industrial, e preparado há mais tempo, além da perda de parte de suas propriedades, pode haver mistura da hena com aditivos químicos que tornam a cor mais escura.


A hena pertence à família Lythraceae e apresenta aspecto arbustivo ou arbóreo de pequeno porte, com longos ramos. Pode atingir até sete metros de altura.


As folhas são opostas e lanceoladas e delas é extraída a tintura castanho-avermelhada, utilizada em pinturas corporais, para tingir cabelo, unhas e tecidos como seda e lã. A produção do corante é mais intensa quando a planta é cultivada na faixa entre 35 e 45°C de temperatura. Típica de regiões semiáridas e tropicais, a planta não floresce em condições de temperatura mínima abaixo dos 11ºC e não sobrevive em temperaturas inferiores a 5ºC.

Ilustração: Blanco, M., Flora de Filipinas, ed. 3 (1877-1883) Fl. Filip., ed. 3

Suas flores são brancas ou avermelhadas, agrupadas em panícula e apresentam aroma adocicado para atrair insetos polinizadores. As pétalas são ovais e os estames podem ser brancos ou vermelhos.


Os frutos da henna são pequenas cápsulas de cor castanha, que medem entre quatro e oito milímetros de diâmetro. Tanto flores quanto frutos são utilizados na perfumaria. Pode ser propagada por mudas ou sementes.

A hena também é utilizada como planta terapêutica na forma de infusão, sendo muito utilizada pela medicina indiana para cicatrização de feridas, resfriar o corpo, contra queimaduras solares e para coceira na pele.


Em algumas regiões do Nordeste brasileiro, a hena é popularmente chamada de resedá (embora não tenha relação com a espécie Lagerstroemia indica) ou bogarí" - palavra que tradicionalmente se refere ao jasmim-árabe (Jasminum sambac).



Por: Patrícia Dijigow




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